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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Merda


Hahaha! Merda outra vez! Tudo de novo! Mais uma vez. Mais uma vez 

minha cara na lama, mais uma vez as mãos nos pés e os pés nas mãos. Mais uma vez eu aqui. Admitindo o inadmissível, não me importando se tudo explodir-se, tentando justificar o injustificável. Mais uma vez eu aqui - esperando um milagre?

Dessa vez é diferente, porém. Há uma novidade. Eu encontrei um diamante em meio a merda. E aprendi a separar bosta do que é precioso. Não vou mais contentar-me com a morbidez inócua da autodepreciação quando sei que posso andar sobre as nuvens.

Não dá mais para manter a face enrusbecida. O mundo sorri com uma faca enfiada na cabeça e eu aqui, mais uma vez, fazendo alarde com a picada de uma agulha? Não. Não. Não. Não. Não. Tenho asas!

Para onde vou ou o que vou fazer? Ainda não sei. Quando descobrir, digo. Aqui. Quando descobrir eu digo. Aos sete mares. O fato é que agora é diferente - há um diamante e eu vou lapidá-lo.

Go away!


Ela veio. Tremendamente forte.
Preparou-se, eu acho, uma vida toda para vir
Seu objetivo era maligno: tirar-me a vida
Espreitou-me por onde eu andava
Conversou com os meus
Demoradamente, dolorosamente,
Ela cavou um abismo ao meu redor
Amarrou meus pés,
Amordaçou minha boca,
Vestiu-me com camisa de força.
Pegou-me desprevenido -
Mas antes que empurrasse-me com o mindinho
Despertei e a surpreendi
Achou que estava em suas mãos.
Não, não estava.
Ela não sabia, ninguém sabia, nem eu mesmo:
Meus braços são de aço,
E eu posso voar.

(Silvestre - 10/11/2011)


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A paz

Desde as últimas semanas, venho experimentando uma dose cavalar de maturidade. E o melhor de tudo é que não estou precisando bater a cabeça em nenhuma parede. Apenas sentei-me, não por vontade própria, na cadeira de expectador e acompanho o desenrolar-se das peripécias alheias. Não sem angústia, não sem aflição e, por vezes, até com muita raiva. No ápice da minha humanidade, como a um amargurado que não tem outra atividade senão condenar, confesso que até julguei.

A proximidade torna os fatos viscerais. Uma coisa é ver o "mal-feito" no congresso, na lavanderia ou na vizinhança, outra é vê-lo, literalmente, diante de seus olhos e, ainda pior, ter as mãos atadas e a boca amordaçada. A sensação de impotência vem amplificada então por uma boa pitada de consternação e inconformidade. Tantas dicotomias, paradoxos e a própria exasperação cotidiana de cada um são suficientes para deixar uma cabeça inquieta. Não há escapatória - ou rendemo-nos à loucura ou resolvemos dentro de nós o embróglio (ou pseudo-embróglio).

O fato é que cada vez que tento entender o ser humano, fico ainda mais cheio de dúvidas. Meu dilema, atualmente, é adaptar-me e desencanar de uma vez por todas. Acontece que essa não é uma missao simples. Mas é preciso que se entenda,  e eu próprio tento convencer-me disso, que, quando o assunto são as relações humanas, passividade não necessariamente pressupõe concordância. O fato, derradeiro!, é que não abro mão do meu direito à paz.

(Silvestre - 01/11/2011)

É incrível

É incrível como as pessoas vivem numa rotina diária de tentar  mostrar que são melhores do que você. Não importa o quão bom, complacente e paciente você for: elas têm a pungente necessidade de mostrar que realmente são melhores do que você. "Meu gramado é mais verde", "meu sangue é mais azul", será que o ânus delas também é mais roxo? O mais engraçado é que se você não entra no jogo e fica fazendo o papel do bom samaritano então elas, as detentoras do espírito suíno, conseguem deixá-lo para  baixo. Let you down.

Em casos patológicos graves, meu caro, pega o seu burrinho e cai fora - "limpa até mesmo a poeira dos pés". Mas agora, desde que estamos presos às pessoas então a grande maioria teremos sim que enfrentar. Isto mesmo: entra no jogo e senta a pua. Agora, não é necessário esculachar nem chafurdar na lama como os porcos. Apenas diga "NÃO!" e mostre o seu valor. Se, para tanto, for necessário mostrar ao outro que ele tem falhas então pense bem. Pense muito bem porque você não tem direito de ser o causador da dor alheia.

Há uma tênue linha entre ser combativo e tornar-se mais um deles. É sim fato que o direito do outro só vai até onde o seu começa e, portanto, às vezes é preciso sim, mesmo doendo também em você, dar uma paulada certeira. Mas veja bem: às vezes. Não é necessário usar de artilharia pesada para matar uma formiguinha. Para que deixar o cérebro do outro exposto no chão quando tudo o que ele fez foi dar-lhe um mero arranhão? Agora, é certo que arranhão não vai funcionar quando é o seu cérebro que está exposto no chão!

É incrível, depois de tudo e tudo que passamos juntos, sermos incapazes de ajuntarmo-nos, ajudarmo-nos e, como a um organismo perfeito, funcionarmos em harmonia. Juntos. É incrível porque, ao menos teoricamente seria possível. É incrível nossa demasiada humanidade, tão intensa a ponto de flagrarmo-nos por diversas vezes fazendo exatamente aquilo que repudiamos "veementemente".

(Silvestre - 21 e 22/10/2011)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

De tudo ao meu amor serei atento?

Sempre achei lindo o "Soneto da Fidelidade", do Vinícius de Moraes. Mas só com o andar da vida e o acréscimo de experiências é que pude perceber o quão limitada e parcial é a minha compreensão acerca desses versos e, principalmente, sobre a fidelidade. Calma - não sou desses que relativiza fidelidade às condições de temperatura e pressão. A verdade, a minha verdade, é que sei muito pouco sobre o amor.               
Mas, para mim, não há sentido amar se o princípio básico da fidelidade não for seguido à risca. Haverá tempos de sofrimento, de raiva, de muita dor, de carência exacerbada e até de desespero. Mas que amor é esse que não resiste as intempéries do vento e entrega-se ao primeiro paliativo a que tem acesso?

Não! Não! Não! Não e não! Não há como separar o contato físico do contato cósmico e espiritual. Sim, claro - com certeza! - o sentimento verdadeiro do amor é algo que transcende o contato físico, "é um querer estar-se preso por vontade", mas nada mais é que uma idílica ilusão tentar acreditar que, no campo sentimental, seja possível tirar a toalha sem quebrar-se o vidro - pelo menos um estilhaço vai sobrar aqui ou ali e, se por sorte não atingir também alguma das outras pessoas envolvidas no jogo rasteiro da traição, não resta dúvidas que atingirá ao menos o infiel.

Confesso que sou totalmente leigo com respeito ao que escrevo. Sempre sofri exageradamente no que se refere a esses assuntos do coração e não consegui nunca nunca encontrar um ponto de equilíbrio. Agora, com tudo isso, é patente o fato de que a infidelidade é, antes de tudo, uma, e talvez a pior, maneira de enganarmos a nós próprios. Definitivamente, não podemos amar e ao mesmo tempo trair. 

Veja bem, meu caro infiel, se você acha que ama, sente-se carente (seja pela distância física, porque o outro se afasta de você, ou por qualquer motivo), simplesmente tem uma oportunidade e dai você trai - apenas para sentir o "calorzinho" - então você está errado na premissa. Isto mesmo, você não ama! Neste caso, você apenas está enganando-se. E mais, pode estar colocando em risco o que de mais doce outra pessoa tem e que, generosamente, compartilhou com você! 

Enganar-se e colocar em risco a esperança, a fé e a ternura de outra pessoa: é isso que o infiel faz. E é vil. E é cruel. E dá nojo. Agora, quem trai deve ter cuidado! O outro se recupera -  possivelmente num processo demoroso e doloroso, mas recupera-se e em geral sai até melhor do que entrou. Mas, e você, caro infiel?

Pensa quatro, pensa cinco, pensa dez, pensa mil vezes ou quantas forem necessárias e não faça jamais tal atrocidade. O vinho é inebriante e doce, mas pode ser de sangue.

( Silvestre - 22/10/2011)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Não é doce, não é vinho: somos nós mesmos

_ Já tentei caminhar, rezar, já comi doce, ja bebi vinho. Mas não passa.
_ Não é doce, não é vinho. É você. E tudo passa.



Desilusão e perda de confiança em outra pessoa ou em nós mesmos não são nunca fáceis de lidar, entender ou até mesmo aceitar. Mas agora, se não há ninguém para secar nossas lágrimas então o façamos nós mesmos. Os únicos responsáveis por nossas tristezas ou alegrias somos, sim!, nós próprios. Estar ou não bem é, em 100% dos casos, desde os previsíveis aos totalmente inesperados, uma escolha que pertence, apenas, a cada um de nós.

Aconteceu comigo uma vez. Uma única vez e foi definitivo como, inclusive, não poderia deixar de ser: o cristal quebrou. Eu perdi a fé e a confiança em outra pessoa. O fato é que percebi então que tinha perdido a fé em mim mesmo. Quando o trem descarrila dessa maneira não tem mais como voltar atrás: nem mil homens munidos com o mais potente dos guindastes são capazes de colocá-lo outra vez nos trilhos.

Queria muito então voltar à infância, pensar menos e sentir outra vez a brisa macia da inocência no rosto. Mas, nem em tal ocasião e nem agora haveria tal possibilidade - mesmo que sejamos outra vez crianças aquela brisa não cingirá outra vez nossas faces. Sentia-me boquiaberto e estarrecido diante da incrível, no pior sentido, surpresa que o outro me oferecia. Tentava agir com indiferença, sem sucesso. Tentava oferecer a face direita depois de ter a esquerda estraçalhada pela maldade de quem nada sabe, mas esse não é e nem nunca foi eu. Tentava acertar um chute no estômago e expor as vísceras do meu algoz e isso também não é do meu feitio.

Então lutava comigo mesmo numa batalha desigual:

CABEÇA, por que não me dá um tempo? Por que insiste em tirar minha tranquilidade, e até meu sono!, quando tudo está bem?
MEU, por que me incomoda tanto tanto assim saber que alguém, cuja intimidade nem desfruto, está sendo enganado da maneira mais vil que posso conceber?
CABEÇA, me dá um tempo!, fica ai quietinha!, meta-se apenas como o que é do seu interesse! e ME DEIXA EM PAZ!
MEU, por que fico me colocando no lugar de quem não sou eu??!!
MEU, por que essa CABEÇA não pára, não pára e não pára de pensar?

Me dava, literalmente, náuseas não conseguir discernir mais o que o que era verdade do que era mentira. Me dava náuseas a decepção. Me dava náuseas ver a beleza do que acreditava residindo apenas em uma casca, pintada de ouro, e o recheio com material putrefato em decomposição. Queria imergir outra vez na brisa da inocência. Queria parar de perceber. Queria pensar menos. Sobretudo, me dava náuseas saber que não fazia nada mais do que olhar no espelho. Tanto no papel da caça como no do caçador.

_ Como arranjar um abrigo em meio a tempestade?
_ Amanhã será um dia bonito.

É burrice deixar a vida passar enquanto preocupamo-nos com o que ou quem não vale a pena. Tem muita gente boa para conhecer. Em nossas vidas já há muita gente legal: basta olhar ao lado. Até mesmo os que insistem em fazerem-se de maus não resistem ao carinho. Todos viemos nús e desprotegidos ao mundo e, no fim, tudo que precisamos é de um abraço.

_ Perdão por te encher com tanto peso. Por favor não pense que eu não tenho suficiente respeito por você.
_ Bobo, eu estarei sempre aqui por você.


(Silvestre - 21/10/2011)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

#CalaBocaReginaDuarte

Em lamentável demonstração de auto-desrespeito, auto-humilhação, limitação mental e dissimulação, a excelente ATRIZ Regina Duarte demonstra como vendeu a sua dignidade. O problema não é a ideologia  dela, claro que não!, todos somos livres para expressar o que pensamos e, mais, pensar como bem quisermos. O problema é o expediente pérfido, desentendido e sorrateiro, típico de cobras experientes, do qual Dona Porcina faz uso:


E não foi a primeira vez, essa mesma senhora já teve a pachorra de comparar o Jânio ao Hitler:


Ela é burra ou acha que o povo brasileiro é burro? Em todo caso, agradeço a "namoradinha do Brasil" (acho melhor o Brasil pensar direito antes de contrair matrimônio!) por, nessas duas vezes, me mostrar que o mau e o mal não vencem o bem e os bons. Assim como os verdadeiros religiosos pulam da cadeira quando a crueldade vem travestida de fé, os bons artistas desse país devem estar no mínimo revoltados e enojados.

A propósito, Regina ficou muito bem na foto ao receber do governador José Serra a Ordem do Ipiranga, mais alta honraria do estado de São Paulo:


Ninguém pode dizer que ela não batalhou para isso! E é bem provável que lá no Palácio dos Bandeirantes ela não tava com medo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ao meu pai.


São Carlos, 03 de agosto de 2011.


Pai,

O “dia dos pais” está chegando. Será em 14 de agosto. Um dia alguém inventou essa comemoração – talvez para homenagear seu pai ou talvez então para melhorar as vendas do comércio. A razão pela qual esse dia foi criado para mim não importa. O importante é que essa é uma oportunidade que eu tenho de dizer bem alto que  "O SENHOR É O MELHOR PAI DO MUNDO".

Quando olho para trás vejo o senhor presente em todos os momentos da minha vida. Não tenha dúvida de que todas as vezes que eu precisei o senhor estava lá com um braço firme e forte para me ajudar. Lembro de cada sofrimento que o senhor me livrou e sofreu por mim. Lembro do gosto da batata frita que o senhor fez quando a mãe estava no hospital em 1991. Quando eu olho para trás então eu vejo o grande pai que o senhor foi até hoje, não só para mim como também para todos os meus irmãos. Obrigado por, muito mais do que nos dar o dom da vida, sempre estar de sentinela ao nosso lado como um pai amoroso e dedicado.


Se tiver que descrever o senhor com uma só palavra, eu escolho “HERÓI”. Meu pai herói. Sempre me comove a honradez, a dignidade, a honestidade e toda a ternura do senhor. O maior orgulho que tenho nessa vida é ser filho de um homem com a grandeza e humildade que o senhor tem e poder ainda chamá-lo de “meu pai”. Cada vitória que porventura eu tiver dedico ao senhor, o mais bravo e terno homem que existe neste planeta.

Dentre tantos ensinamentos, eu aprendi com o senhor a ser uma pessoa forte. Assim como já aconteceu, sou capaz de enfrentar muita coisa ruim, muita tempestade, muita dificuldade. Mas uma coisa eu jamais suportaria: perder o amor do senhor. Isso me mataria em vida.

O senhor não é só meu pai: é o melhor pai do mundo. Entre todos os pais do universo, o senhor se sobressai! Não esquece nunca que da mesma forma como eu vejo Deus no Céu, eu vejo o senhor aqui na Terra.


Como eu poderia duvidar da existência de Deus se Ele colocou o senhor na minha vida?


sábado, 25 de junho de 2011

Filosofia

Zapeando pela web, encontrei o seguinte texto (cuja autoria desconheço):

"Estou me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém.
Estou me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Ultimamente eu só estou querendo ver o ‘bom’ que todo mundo tem.
Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem?
Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém."

Está ai sintetizado muito do que acredito e aprendi.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Escritos Antigos Aleatórios - 2006

O seguinte texto foi escrito em 2005 ou 2006 - não me lembro ao certo. Eu havia sido tomado pela emoção da música "Maurício" (canção composta pelos três membros da banda Legião Urbana). A maneira como Renato Russo cantava e a letra suscitaram em mim uma miscelânea psicodélica de sentimentos. Só sei que gostava.










Há muito não pensava em você. Pensei que havia superado. Doce ilusão! Bastou uma música para trazer tudo de novo, ainda mais forte que antes. Tudo se ampliou com a força do tempo. Quanto mais as horas passam, mais eu te amo. Queria ser mais forte, suportar mais... Queria não te amar tanto... Queria lhe deixar em paz... Queria que estivesse aqui e me amasse... Mas  o meu coração não me pertence e o seu coração não me pertence...
E o Brasil é o país do futuro! Queria mudar o mundo, ajudar a promover a revolução, queria trabalhar, queria produzir, queria viver. Mas há você e o mundo se torna menor! Preciso de você. Preciso curar a ferida.
É tudo sem sentido. Nada tem sentido. Eu não tenho sentido. Mas o que é "ter sentido"? Não é preciso que haja lógica! Por que aconteceu? Por que bateu? O que move tudo? Para onde é que eu vou?
Talvez meu lugar não seja aqui. Não sou digno de você... Não sou digno de você. Não sou digno de você! Não sou digno de você? Estou sentindo tanto frio.
Será que um dia vou voltar àquela vida sossegada? Serei tão forte a ponto de tirar isso da cabeça? A ferida secará? Vale a pena esperar? Para onde é que vamos?



MAURÍCIO (Legião Urbana)
"Já não sei dizer se ainda sei sentir
O meu coração já não me pertence
Já não quer mais me obedecer
Parece agora estar tão cansado quanto eu!
Até pensei que era mais por não saber
Que ainda sou capaz de acreditar
Me sinto tão só,
E dizem que a solidão até que me cai bem...
Às vezes faço planos
Às vezes quero ir
Pra algum país distante
Voltar a ser feliz!
Já não sei dizer o que aconteceu
Se tudo que sonhei
Foi mesmo um sonho meu
Se meu desejo então já se realizou
O que fazer depois,
Pra onde é que eu vou?
Eu vi você voltar pra mim!
Eu vi você voltar pra mim!
Eu vi você voltar pra mim!
Eu vi você voltar pra mim!"

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Complexidade da Simplicidade

Este é o poema que dá nome ao blog. Ele foi escrito em uma noite de sexta-feira de 2006. Lembro-me de estar numa sala escura, com muitas pessoas, muito barulho e, no entanto, me sentia só. É um poema simples, sem pretensão literária nenhuma, mas que serviu de start para uma engrenagem que ganhou força e modificou o eixo da minha vida.




Complexidade da Simplicidade

O que eu faço?
Em que me transformo?
O que realmente quero?
Mundo? Não.
Vida eterna? Não.
O que quero está mais próximo.
O que quero está aqui.
O que quero jamais vou conseguir.

Não quero falsidade,
Não quero embalagem.

Quero você.
Mas você não me quer.
E o que eu vou fazer?
Já mais não posso.
Já mais não quero.
Quero.
Por que faz assim comigo?
Eu te amo.

Não é embalagem,
Não é falsidade.

Não me trate mal!
Não faça assim!
Não tem esse direito!
Eu perdi.
Mesmo que vença, perdi.
Perdi o que poderia ter sido
E agora jamais será.
Mesmo que vença, perdi!
E você se importa?
Você nunca se importa.

Não quero embalagem,
Não quero falsidade.

A dor é grande?
Meu peito é maior.
Vou suportar, mas não queria te amar.

A roda gigante da vida


A vida é uma roda gigante. Tem épocas em que ela gira tão rápido que em frações de segundos experimentamos desde o gosto do barro até a sensação de liberdade do vôo de um passaro. Agora, tem tempos em que ela gira bem lentamente, quase parando, e é triste quando neste momento estamos no fundo do poço: nada tem sentido e a vida é então uma grande merda. São nesses momentos em que surge a velha questão "o que é que eu tô fazendo aqui?". Não,infelizmente não, não dá para sair dessa roda pois estamos colados nela. Mas, pouco a pouco, bem devagar, a roda vai rodando... rodando... rodando... e um dia voltamos ao topo. O irônico de tudo isso é que muitas vezes, bem na hora que chegamos ao cume, a roda gigante da vida começa a girar bem depressa, como se toda tristeza fosse duradoura e a felicidade apenas um piscar de olhos.

Silvestre (05/12/2008)

sábado, 2 de abril de 2011

Angelical

__Agora vai-te. Não és mais bem vindo nessa casa. E não me olhes assim. Tuas lágrimas nada significam diante de teus atos.
__Vou mesmo! Qualquer lugar longe de você é melhor do mundo para mim. E tenha a certeza de que, enquanto o senhor estiver vivo, não colocarei meus pés nessa terra.
__É um favor que me fazes...
__Ainda implorará o meu perdão. Não lhe perdoarei jamais! É o meu pai, mas não é digno da minha misericórdia.
__Não fales assim, filho meu, teu pai está com a cabeça quente, amanhã mesmo arrepender-se-á de tudo que fez ou disse...
__Cala-te Maria, não me arrependerei de coisa alguma. Quanto a ti, ingrato de uma figa, vai-te de uma vez! E não levarás daqui sequer uma agulha!
__Não quero nenhum centavo seu, português maldito! Essa roupa que estou vestindo agora é sua. Tome-a.
__Meu filho, não faça isso...
__Oh, minha mãe, se uma dor ainda me inunda o peito é por você. Perdoe-me por causar-lhe tanto sofrimento. Agora vou-me. Deixe-me beijar-lhe o rosto, mamãe. Adeus, minha mãe.
__Não me envergonhes mais, vista essa calça!
__João, não o deixe ir... É nosso único filho... Valha-me Nossa Senhora de Fátima... Rogério, volte! Não filho meu, não vá... Solta-me João, olha o que fizeste!
Nú, como vim ao mundo, deixei o lar materno, decidido a jamais voltar. Mamãe chorava descompassadamente. Uma multidão aglomerara-se em frente da casa. Saí correndo, chorando, sofrendo, meu sexo totalmente exposto, meus olhos protegidos por minhas mãos.

Naquele dia um anjo desceu do Céu: enviado diretamente por Deus. Não conseguia controlar o cérebro nem as emoções: uma tempestade torrencial inundava-me o rosto. Mas havia um anjo e ele me envolveu em suas asas. Lá me sentia protegido e por um momento esqueci do mundo e das palavras. Falava então a língua dos anjos.

Nasci num lar puritano, de imigrantes portugueses. Desde criança fui preparado para seguir os passos de meus pais. Casamento, filhos, negócios. Mas algo deu errado. Em algum momento o trem descarrilou. Quando cônscio da situação, já era tarde demais.
Decepcioná-los significava matar tanto a eles quanto a mim próprio, com tal gravidade que as noites tornavam-se dias. Meu rendimento na escola reduzia-se à mediocridade, já não tinha amigos e emagrecia notadamente. A doença que me acometera era forte e, apesar da grande resistência que impunha, ruí paulatinamente como o aço ante a água o oxidando.
No dia em que saí daquela casa, não me sentia mal apesar da dor, que se mostrara ainda mais profunda do que pressentira. Toda a hipocrisia, falsidade e dissimulação finalmente se desvanecera e isso era a libertação depois de um século de martírio. Porém, havia nutrido a vã esperança de que papai me entenderia, afinal eu era um enfermo, me daria suas mãos e tudo ficaria bem. E isto era o que machucava mais. Contudo, mesmo contra mim próprio, entendia-o. Sabia que estava além da sua compreensão.
Desde que me abri à vida, enviava regularmente cartas para mamãe, como forma de aliviar-lhe o sofrimento. Sabia que me reprovava, mas eu era seu filho querido, nascido em suas entranhas. Acontecesse o que fosse, estaria sempre ali, pronta para receber-me com braços abertos. Chegou então um tempo em que não mais blasfemava contra Deus. Descobri que minha doença não era tão grave e, inclusive, por diversos ângulos podia ser considerado normal. Descobri que o amor entre dois anjos é angelical.
Na última carta que recebi de mamãe, era intimado a voltar ao sítio. Papai queria me ver. Joguei o envelope na cama. Resistir não podia. Quando cheguei em casa, o portão estava aberto. A mesma disposição dos móveis. Uma aura de pó envolvia tudo. Vozes aproximavam-se.
__Papai.
Resistir não podia.


Silvestre (Dezembro de 2006)

Another Day

Maldade nas intenções.
Segundas intenções.
A mão que balança o berço.
O riso que cessa quando o pássaro pousa.
O dia que termina e a noite que não começa.
Continuar.
Continuar.
Continuar.
Another day has gone.

(Silvestre - 2º semestre de 2010)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Batizado

Por ocasião do convite realizado por minha irmã para ser o padrinho de batizado dos meus três sobrinhos, enviei uma biblía de presente ao mais velho e escrevi a seguinte dedicatória:



Gabriel,

Hoje você tem oito anos, amanhã terá vinte e três, depois sessenta e cinco. Cada vez que tomar este livro em suas mãos, lembre-se de que eu, seu tio, seu padrinho, seu Tchutchu e seu amigo, amo muito você e estarei sempre aqui, pronto para dar-lhe o melhor que eu tenho. Seja em uma nova empreitada, em uma conquista ou em uma tribulação.
Sou muito grato à Deus por tê-lo colocado em meu caminho e arrematado nossas vidas com um laço indissolúvel.

Silvestre, 24 de dezembro de 2010.

Mestrado

Ao findar o mestrado, uma etapa da minha vida acabava junto. Muitos sentimentos paradoxais tomaram conta de mim naquela época (começo de 2010). Embora estivesse dando mais um passo, sentia-me estagnado por outro lado. Sem dúvida aquele foi um momento marcante.



Dediquei a dissertação a três pessoas importantes na minha vida:

“Aos meus queridos pais, com amor,
e ao meu estimado amigo Ronan,
com gratidão e reconhecimento.”


Nos agradecimentos, tive a oportunidade de fazer uma reflexão sobre minha vida de até então. Gratidão é coisa muito séria. Cuidei para que fosse sincera cada uma das frases. Embora, como não poderia deixar de ser, muitas pessoas ficaram de fora.

Agradecimentos

Ao Deus Criador, Redentor e Santificador, por Sua infinita grandeza, por ter me dado tudo o que tenho de bom, por ter feito tudo o que de bom sou, por Sua onipresença em minha vida, por essa oportunidade. A Ele toda a honra e toda a glória, o meu louvor mais elevado e a minha mais profunda gratidão: o irrestrito domínio da minha vida.

À mãezinha do céu, Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, por guiar-me sempre, pelo doce acolhimento em todas as tribulações, por ouvir minhas preces. À Santa Luzia, por abrir-me os olhos e encher-me de esperança.

Aos meus pais José e Cleusa, aos meus irmãos Paulo, Patrícia e Simone, e aos meus sobrinhos Gabriel e Stella, por tanto amor e carinho, pelo apoio incondicional, por sempre me receberem com um abraço, por todos esses anos incríveis. Aos meus avós e à minha tia Tereza, por toda bondade, por todo sorriso, por sempre me acolherem como um filho. Eu amo muito todos vocês.

Ao meu orientador, Professor Edivaldo Lopes dos Santos, pela orientação extremamente
segura, minuciosa e sábia, pela prestatividade, pelos conhecimentos generosamente compartilhados, por todo respeito e amizade, pela lição cotidiana de humildade.

Aos professores do Departamento de Matemática da UFSCar, principalmente ao Fábio, Pedro Pergher, Luís Antônio e Cézar Kondo, por todos seus ensinamentos e exemplos.

Aos professores do DMEC da Unesp de Presidente Prudente, especialmente ao meu caríssimo
amigo Ronan Antônio dos Reis, por todos seus ensinamentos, que transcenderam lições de Matemática, pelo apoio e estímulo constantes, pelos exemplos de retidão, caráter e fé, pelo braço forte sempre estendido a mim.

Ao José Roberto, pelo companheirismo, ao meu amigo Aldo, ao meu padrinho Willer, e a todos os amigos da pós, particularmente à turma de mestrado de 2008, pelo apoio,amizade e momentos de alegria.

Ao CNPq, pelo auxílio financeiro.

Muito obrigado a todos!